Por Romildo Burguez
•
10 de outubro de 2025
Há decisões que parecem simples até a hora de colocá-las no papel. Definir se um trabalho deve ser feito por squads alocados ou por outsourcing é uma delas. Para quem lidera TI em setores consolidados — indústria, logística, saúde, varejo, finanças, energia — o dia a dia já é intenso: sistemas legados, integrações sensíveis, prazos curtos, equipe enxuta, orçamento pressionado e, ao mesmo tempo, uma nova expectativa do board de que a tecnologia gere eficiência real e abra espaço para inovação. Nesse contexto, escolher o modelo de execução certo não é um tópico acadêmico: é uma decisão que afeta custo, risco, velocidade e, no fim do mês, a reputação da TI como área estratégica. Esse post tem como objetivo ajudar você a reconhecer rapidamente quando squads fazem mais sentido, quando outsourcing traz mais valor, e como combinar os dois sem aumentar o “custo oculto” de coordenação, retrabalho e fricção entre times. Quer saber mais? Continue a leitura! O ponto de partida: o que realmente está em jogo Antes de falar de modelos, vale alinhar o problema. Quando alguém pergunta “vamos de squads ou outsourcing?”, na verdade está tentando resolver quatro tensões ao mesmo tempo: Velocidade : quão rápido preciso entregar algo que realmente resolva o problema do negócio? Risco : o quanto posso brincar com mudanças perto de sistemas sensíveis sem quebrar nada? Custo : quanto consigo prever do orçamento total, não só a linha do contrato? Conhecimento : quem precisa aprender e reter o “como a casa funciona” para que a operação siga estável? Se tecnologia não é o core do seu negócio — mas é o motor para eficiência e novas receitas — essas quatro perguntas formam a moldura da decisão. E é dentro dessa moldura que squads e outsourcing brilham em momentos diferentes. O que é alocação de squads? Squads alocados são times multifuncionais, dedicados a um problema ou produto, que trabalham próximos do negócio. O valor desse modelo aparece quando o problema exige aprendizado contínuo : cada entrega ensina algo novo que melhora a seguinte. É o caso de produtos digitais com regras específicas da empresa, integrações muito particulares, ou mudanças que dependem de conversas com áreas como Operações, Comercial e Financeiro. Aqui, proximidade e contexto valem ouro. Quanto mais singular for o seu ambiente, mais sentido faz ter um time que aprende os atalhos, entende o “sotaque” dos dados e evita refazer o mesmo caminho. Com squads, você tende a ganhar em velocidade de entendimento do problema, reduzir retrabalho em integrações e tomar decisões melhores porque quem executa também vê o impacto. O preço a pagar é um custo de base mais alto do que um serviço tabelado por chamado, e a necessidade de uma governança clara para que o time não vire um “mini departamento de TI” sem foco. O que é outsourcing? Outsourcing funciona muito bem quando o trabalho é padronizável e mensurável . Pense em sustentação com rotinas definidas, atendimento em turnos, migrações com roteiro repetitivo, ou operações que dependem mais de escala do que de contexto . O ganho está em previsibilidade de custo, cobertura 24×7 quando necessário e disciplina operacional. É o território das SLA (acordos de nível de serviço), das filas bem definidas e do “feito do mesmo jeito toda vez”. O cuidado aqui é não empurrar para outsourcing algo que ainda não está pronto para ser padronizado . Se o processo muda toda semana, se a regra de negócio depende de conversa diária com uma área, ou se a integração é frágil e precisa de decisões finas, o risco de incidentes e retrabalho sobe rápido — e a falsa economia some no primeiro mês. A pergunta que corta caminho Se você lembrar de uma única pergunta deste artigo, que seja esta: “O valor vem do aprendizado contínuo do time ou da repetição confiável do processo?” Se a resposta for aprendizado contínuo , a alocação de squads costuma vencer. Se for repetição confiável , outsourcing tende a entregar melhor. E, em muitos casos, a resposta é “dos dois” — o que nos leva ao próximo ponto. O híbrido que evita o custo oculto Na vida real, poucas empresas conseguem ficar só com um modelo sem pagar algum preço. O arranjo mais saudável costuma separar assim: Squads cuidam do que é core , do que muda com frequência, do que pede conversa com o negócio e decisões de produto. É onde a retenção de conhecimento faz diferença. Outsourcing assume o que é estável , com roteiro claro, metas de atendimento, picos previsíveis e necessidade de escala (turnos, plantão, cobertura nacional/internacional). Esse híbrido não é “meio termo”; é uma divisão inteligente de trabalho. O segredo é governança única . Duas torres de controle, dois catálogos de serviço e métricas que não conversam quase sempre acabam em culpa cruzada, coordenadores exaustos e um gasto significativo escondido em planilhas paralelas. Uma governança única define quem é dono de quê, como medir o que importa e como as mudanças chegam ao ambiente sem surpresas. Um jeito simples de decidir: proximidade e variabilidade Vamos traduzir o dilema em uma régua de bolso, fácil de usar numa reunião com o board: Proximidade ao core : quanto mais perto do “jeito de fazer negócio” da sua empresa, maior a chance de precisar de squads. Variabilidade da demanda : quanto mais o trabalho muda, mais os squads se adaptam; quanto mais repetitivo e previsível, mais o outsourcing rende. Cruze as duas ideias. Core + variável aponta para squads . Não core + estável aponta para outsourcing . Nos quadrantes mistos, vale pilotar e medir. O que o os decisores querem ver Para defender a escolha, evite slides lotados de termos técnicos. Mostre quatro medidas que qualquer executivo entende: Tempo de entrega : quanto tempo leva para sair do “preciso disso” ao “está em produção”. Confiabilidade : quantos problemas são gerados por mudanças e em quanto tempo se resolve. Custo por resultado : quanto custa entregar um conjunto de funcionalidades ou manter um serviço no ar dentro do combinado. Retenção de conhecimento : o quanto o time depende de heróis ou de uma única pessoa para funcionar. Coloque squads e outsourcing lado a lado nesses quatro e deixe os números contarem a história. A decisão deixa de ser “sua opinião contra a minha” e vira um comparativo claro de valor. Quando squads tendem a ganhar Imagine que sua empresa vai modernizar um sistema que conversa com finanças, fiscal e logística. Cada mudança passa por regras específicas da sua operação, e cada integração tem suas pegadinhas. A cada entrega você descobre uma exceção nova. Aqui, o maior risco não é o custo por hora — é errar caminho e ter de refazer. Squads se pagam por reduzir esse retrabalho, por antecipar falhas de integração e por encurtar a distância entre TI e negócio. Outro cenário clássico é o de produtos em evolução : você lança uma primeira versão, mede uso real e ajusta. O que faz a versão 2 ser melhor não é ter mais pessoas apertando parafusos, e sim aprender com dados e refinar prioridades. Squads, com autonomia e foco, produzem esse ciclo de aprendizado. Por fim, há o tema dados e confidencialidade . Quando o serviço pede acesso amplo a informações sensíveis, ou envolve fórmulas comerciais e lógica de preço, faz sentido manter o trabalho em times que respondem diretamente à sua gestão, com controles de acesso sob o seu guarda-chuva. Quando outsourcing tende a brilhar Agora pense em um atendimento 24×7 com volume grande e regras bem estabelecidas, como serviços de suporte de primeiro e segundo nível, operação de plataforma, gestão de filas ou atividades de campo. Aqui o valor está em escala , cobertura e disciplina . Um parceiro que vive esse tipo de operação consegue distribuir turnos, padronizar rotinas, automatizar o que se repete e cumprir prazos de atendimento com previsibilidade. Outsourcing também é poderoso em picos sazonais . Black Friday, fechamento fiscal, matrículas, campanhas que dobram o acesso… Se você sabe quando a maré sobe, faz sentido contratar a capacidade extra sob um acordo claro, e depois reduzir quando a maré baixa, sem carregar custo fixo o ano inteiro. Há ainda os projetos de migração com roteiro claro . Se você tem um runbook bem escrito, ambientes definidos e critérios de pronto muito objetivos, terceirizar a execução libera seu time core para cuidar dos ajustes finos e da evolução do produto. Riscos típicos e como evitá-los Do lado dos squads, o risco é virar “time de tudo”: qualquer demanda cai ali e o foco se perde. A cura é clareza de propósito e uma fila de trabalho bem priorizada, com dono e metas claras. Outro ponto é a substituição de pessoas : saia do herói para o processo. Documentação viva, sombras na transição e uma esteira de onboarding encurtam o tempo de ramp-up. Do lado do outsourcing, os riscos mais comuns são o lock-in (ficar preso a um fornecedor) e a queda de qualidade quando o processo muda . Resolva os dois com contrato que preveja reversibilidade (transição planejada), exigência de registro de conhecimento e critérios de aceitação claros para mudanças. Se o seu processo ainda muda muito, talvez não seja hora de terceirizá-lo — padronize primeiro, terceirize depois. Em ambos os modelos, o inimigo silencioso é o custo oculto de gestão : coordenação, alinhamento, homologação, refazer testes, resolver ruídos entre times. Ao construir o business case, inclua essas horas. É melhor parecer caro no papel do que barato na proposta e caro na operação. Como explicar o custo de forma que o board compreenda Em vez de debater preços por pessoa ou por chamado, traduza em custo por resultado . Se for desenvolvimento, calcule quanto custa entregar um conjunto de funcionalidades com qualidade e sem voltar atrás. Se for operação, calcule quanto custa manter o serviço estável dentro do combinado, incluindo prevenção de incidentes. Uma boa regra prática: comparar o que é comparável . Se você comparar a diária de um desenvolvedor de squad com o preço de um chamado de suporte, vai concluir qualquer coisa. Coloque na mesma unidade. Para squads, mostre entregas por mês e defeitos evitados. Para outsourcing, mostre níveis de atendimento, prazos cumpridos e horas economizadas do seu time interno. E em ambos, some o tempo de quem coordena e aprova — isso também é dinheiro. Exemplos do dia a dia 1) Sistema com 15 integrações críticas. A cada ajuste, três áreas precisam se alinhar. Squads funcionam melhor: aprendem as exceções, criam testes específicos e aceleram o “caminho feliz”. O outsourcing pode apoiar com tarefas de plataforma já padronizadas, mas não deve liderar a mudança do core. 2) Suporte de plataforma estável, com volume alto de chamados repetitivos. Outsourcing ganha de lavada: escala, automação, cobertura 24×7 e metas de atendimento claras. O seu time interno fica livre para projetos de evolução. 3) Pico sazonal conhecido. Contrate capacidade extra no modelo terceirizado com início e fim definidos. O squad mantém o que é sensível; o parceiro absorve o excesso. 4) Produto novo, com muita descoberta. Squads tocam a frente, perto do negócio e das métricas de uso. Outsourcing aparece como esteira complementar para tarefas bem definidas (provisionar ambiente, acompanhar rotinas, cuidar de algo padronizado). 5) Migração com roteiro repetível. Se o caminho está escrito e testado, outsourcing executa melhor. Seu squad fica na retaguarda, garantindo que padrões e qualidade não se percam. Operacionalizando sem complicar Em vez de um “plano mágico” com datas bonitas, pense em três movimentos simples e objetivos: Mapeie. Liste serviços e produtos e marque dois atributos: quão perto do core eles estão e o quanto variam. Esse mapa já indica o que é candidato a squad e o que é candidato a outsourcing. Pilote. Escolha um item de cada coluna. Rode um piloto de squad em algo variável e sensível, e um piloto de outsourcing em algo estável e mensurável. Use as mesmas quatro métricas para ambos: tempo de entrega, confiabilidade, custo por resultado e retenção de conhecimento. Escalone com governança única. O que performar melhor, amplia. Mas amplie com uma única torre de controle: catálogo de serviços, papéis e responsabilidades claros, rotas de mudança combinadas e revisão trimestral para ajustar o que não estiver funcionando. Esse ciclo não é demorado e traz luz ao debate. Em poucas semanas você passa a discutir fatos, não bandeiras. Cultura: o fator invisível que muda tudo Modelos são planos. Quem os faz funcionar são pessoas. Em ambientes críticos, o que mantém a casa em pé é uma cultura de donos : cada serviço ou produto com um responsável claro, metas de negócio visíveis e canais de conversa diretos. Squads florescem quando têm autonomia com responsabilidade. Outsourcing dá certo quando o parceiro é tratado como extensão do time , com acesso às informações que precisa e espaço para sugerir melhorias, não só executar ordens. Uma boa prática é adotar rituais simples que sirvam aos dois lados: reuniões curtas para checar riscos da semana, um painel único de indicadores, e uma política de mudança que diga de forma objetiva como algo sai da ideia para a produção . Quando todos jogam o mesmo jogo, a troca entre squad e outsourcing deixa de ser uma briga e vira ajuste fino de capacidade. Como ir direto ao assunto Em vez de termos de moda, leve histórias curtas com números . “Tínhamos uma fila de solicitações que demorava 30 dias; com o squad, caiu para 12 dias e os retrabalhos reduziram 40%.” Ou: “Com o outsourcing, passamos a atender 95% dos chamados no prazo e liberamos 300 horas/mês do time interno.” Conte a história da dor, do experimento e do resultado. Mostre como isso bate no caixa e na satisfação do cliente interno. E deixe claro o que vem a seguir: manter, ampliar, corrigir. O erro mais comum e caro O erro mais caro é “empurrar” trabalho para um modelo porque sobrou . Não terceirize porque “não tem quem faça”, nem monte um squad porque “tem gente parada”. Ambos os caminhos criam dívidas que se pagam com incidentes, atrasos e desgaste. Decida pelo tipo de problema , não pela folga do momento. Outro erro é tentar terceirizar descoberta de produto ou decisões de arquitetura . São atividades que definem o seu diferencial competitivo. Nelas, o parceiro pode apoiar, mas a liderança tem de ser sua, ou de um time que responda diretamente a você. Para que você possa se aprofundar ainda mais, recomendamos também a leitura dos artigos abaixo: Veja como fazer uma boa gestão de outsourcing de TI Squads ágeis para TI enxuta: quando vale optar por times alocados especializados Sua empresa precisa gastar menos e operar melhor? Conte com a alocação de squads ágeis Conclusão No fim do dia, squads e outsourcing são ferramentas. A boa escolha não acontece porque uma é “moderna” e a outra “antiga”, mas porque você entendeu onde está o valor e onde mora o risco . Se o valor nasce do aprendizado contínuo , do contato próximo com as áreas de negócio e de decisões rápidas sobre caminhos ainda em aberto, alocação de squads é a melhor aposta. Se o valor está na repetição confiável , na cobertura em turnos, em metas de atendimento e na disciplina do processo, outsourcing entrega melhor. A maioria das empresas bem-sucedidas combina os dois: squads guardando o core e outsourcing escalando o que já é padronizado. O que separa um híbrido saudável de um caos caro é ter governança única , métricas simples e contratos que favorecem a reversibilidade e o compartilhamento de conhecimento. Se, ao terminar este texto, você conseguir responder com clareza: “onde preciso aprender rápido” e “onde preciso repetir bem”, a decisão já está 80% tomada. O resto é executar com disciplina e comunicar com transparência. E, sempre que pintar a dúvida, volte à pergunta de ouro: o valor vem do aprendizado do time ou da repetição do processo? A resposta aponta o caminho — sem ruído, sem fé cega em rótulos e com foco no que realmente importa: entregar resultado com menos risco e menos custo oculto . Esperamos que você tenha gostado do conteúdo desse post! Caso você tenha ficado com alguma dúvida, entre em contato conosco , clicando aqui! Nossos especialistas estarão à sua disposição para ajudar a sua empresa a encontrar as melhores soluções do mercado e alcançar grandes resultados ! Para saber mais sobre as soluções que a CSP Tech oferece, acesse: www.csptech.com.br .