Mostre valor da IA ao board: um gráfico para acompanhar uso real

Romildo Burguez • October 8, 2025

Se você é CIO, gerente ou coordenador de TI num setor consolidado — onde tecnologia é meio para eficiência e inovação, e não o produto principal — a conversa sobre IA costuma começar com brilho nos olhos e terminar com um “ok, mas quanto isso entrega de verdade?”.


O board quer clareza, não promessas. E a área de TI, normalmente enxuta e pressionada por prazos curtos, precisa de um jeito simples de provar adoção real sem abrir frente de projeto que desmonta a casa. 


A boa notícia é que dá para trocar metáforas por um único gráfico que cabe numa lâmina e muda a conversa. Ele mostra quem, de fato, usa IA no dia a dia e quanto valor isso está colocando na mesa.


Não é um painel pirotécnico; é uma régua de gestão. Esse post será um caminho direto — pouca teoria, muitos exemplos — para você construir esse gráfico com a segurança que um ambiente crítico exige. 


Vamos entender na prática? 


Por que um único gráfico muda a conversa 


Quem opera em ambientes sensíveis conhece a rotina: sistemas legados que não podem parar, integrações frágeis, estruturas rígidas, áreas de negócio pragmáticas. Nessa realidade, a IA só faz sentido se encurta caminho, reduz custo, melhora prazo e tira risco. O problema é que “adoção de IA” costuma virar um labirinto de números: quantidade de prompts, acessos, licenças, testes, ideias… Muita espuma, pouca água. 


Um único gráfico impõe foco. Ele conta uma história simples ao board: “tem gente usando?”, “quanto desse uso é relevante para o negócio?”, “onde estamos desperdiçando licença e onde vale apostar mais?”, “qual o ganho estimado em dinheiro?”. Com isso, decisão deixa de ser opinião e vira prioridade clara: expandir, otimizar, treinar, pausar. Metade da sua vitória está aqui. 


O que significa “uso real” de IA 


Para o gráfico funcionar, a primeira escolha é abandonar a métrica que mais engana: abrir ferramenta. Abrir não é usar. “Uso real” acontece quando a pessoa aceita uma sugestão da IA e aplica no trabalho ou quando a IA executa uma ação que muda o resultado. Essa é a diferença entre curiosidade e valor. 


De forma prática, pense em três camadas: 


  • Interação básica: alguém pediu algo para a IA e recebeu resposta. 
  • Sugestão aplicada: o usuário aceitou a recomendação e levou para o documento, ticket, e-mail, código, proposta. 
  • Ação que vira resultado: a interação ajudou a fechar um chamado, cumprir um SLA, enviar uma proposta, gerar um checklist de manutenção que foi executado. 


O seu indicador de usuários ativos de IA deve contar quem, na semana, chegou pelo menos na segunda camada (sugestão aplicada). Os da terceira camada são seu “ouro”: mostram profundidade de uso. Quando você compara semana a semana, surge o WAU de IA — uma contagem semanal de pessoas que realmente usaram a IA para fazer o trabalho andar. É simples, auditável e, mais importante, conversa em pé de página com quem decide. 


Como chegar a esse número sem desmontar a casa 


Você não precisa instalar meia dúzia de conectores novos para começar. Quase todas as ferramentas com IA já oferecem relatórios de uso. Puxe o básico que você tem hoje (por exemplo, dos pacotes de escritório, do chat corporativo, do service desk, do CRM) e traga esses números para uma base central, usando o mesmo login corporativo como referência. A partir daí, marque os eventos que interessam: quando a pessoa aceita a sugestão, quando a IA dispara uma automação, quando um ticket é encerrado com ajuda da IA. 


A cadência de atualização pode ser diária, porque o que o board precisa enxergar é tendência, não segundo a segundo. E, por favor, evite a tentação de nomes no painel executivo. Na lâmina do board, o nível certo é time ou unidade de negócio. Nomes, quando necessários, devem aparecer só em camadas de diagnóstico e com controle rígido de acesso. Você atende à LGPD, evita a cultura de vigilância e mantém o foco onde interessa: valor por equipe


O desenho do gráfico que cabe na lâmina 


Imagine uma única tela, limpa, que você consegue explicar em dois minutos: 

Na parte de cima, uma linha mostra a quantidade de pessoas que usaram a IA de verdade na semana. Junto dela, uma meta e uma seta discreta de tendência. Esse traço responde à pergunta “estamos andando?”. 


Do lado direito, um pequeno quadro mostra a utilização versus licenças por unidade de negócio. Não precisa sofisticar: duas barras por área já bastam para o board perceber onde há gente com licença que não usa e onde há gente usando muito e pedindo reforço


Na base, uma faixa de profundidade resume a média de ações aplicadas por usuário. Isso mostra se a IA está servindo apenas como rascunho ou se já está virando resultado prático


Por fim, um número simples, com fonte grande: valor estimado do mês em reais. Não precisa exatidão milimétrica; precisa método conservador, explicado numa nota de rodapé. E, espalhados pelo gráfico, marcos: aquele treinamento da área de Operações, o lançamento de uma funcionalidade, a campanha interna. Eles explicam subidas e descidas sem ficção. 


Transformando uso em dinheiro (sem truques) 


“Valor estimado” assusta quando vira planilha infinita. Não precisa. O caminho mais honesto é trabalhar com proxies conservadores por tipo de tarefa: quanto tempo, em média, a IA reduz numa atividade repetida? Um atendimento pode poupar quatro minutos quando a IA sugere a resposta certa; uma proposta comercial pode ganhar quinze minutos no rascunho; um técnico em campo pode economizar oito minutos com um checklist gerado ao toque. 


Multiplique esses minutos por um custo-hora padrão da área e pelo volume de vezes que a ação aconteceu. Some as peças por semana e você terá um número crível, com faixa mínima e máxima para não vender “precisão ilusória”. Apresente com sobriedade e destaque que a métrica é auditável: o financeiro pode revisitar os parâmetros quando quiser. Quanto mais realista, mais fácil é manter a confiança. 


Governança e privacidade desde o primeiro dia 


Ambientes críticos pedem cuidado redobrado. A coleta de uso de IA deve obedecer a regras simples: sem nomes na camada executivadados por equiperetenção definida (por exemplo, doze meses), controle por papel para quem vê detalhe, e uma trilha de auditoria que permita, se necessário, reconstruir como o número foi formado. O objetivo do painel não é vigiar pessoas, e sim administrar valor, ajustar licenças e orientar treinamento. Quando isso fica claro, a adesão cresce, a resistência cai e o assunto deixa de ser tabu. 


Adoção que aparece no gráfico — e não só em release 


Treinamentos longos e campanhas com slogans inspiracionais não movem ponteiro. Adoção acontece quando você liga três pontos: licença habilitadatrilha curta de capacitação e exemplo prático de como usar a IA num processo real. Nomear campeões por área também ajuda: gente do próprio time, com meta clara, mostrando o uso que resolve dor antiga. Toda vez que um marco desses acontece, anote no gráfico. Assim, a linha de usuários ativos deixa de ser um enigma e vira um reflexo da sua estratégia. 


Riscos que derrubam a credibilidade (e como evitá-los) 


Um risco comum é “jogar para a plateia”: subir os números estimulando interações superficiais. Por isso, lembre do acordo: só conta como ativo quem aplicou a sugestão. Outro risco é duplicidade: o mesmo usuário aparece em duas ferramentas. A solução é manter uma chave única de identidade e consolidar o evento de uso por pessoa. 


Há também o risco do “projeto que nunca acaba” — a vontade de integrar tudo antes de mostrar qualquer coisa. Comece pelo que você já tem e crie a camada comum com poucos eventos: sugestão gerada, sugestão aceita, automação executada, ticket encerrado, erro bloqueante. Refinos virão mais tarde. Velocidade com segurança vale mais que perfeição que nunca chega. 


Quatro marcos simples para sair do zero 


Em vez de um plano cheio de fases, pense em quatro travessias curtas

Na primeira, você define a régua: usuários ativos por semana serão aqueles que aceitaram pelo menos uma sugestão; a profundidade será a média de ações aplicadas; o valor estimado seguirá um catálogo pequeno de ganhos por processo. Você também combina, com segurança e jurídico, que o painel do board não terá nome de pessoa. 


Na segunda, você instrumenta o essencial: puxa os relatórios nativos das ferramentas que já usam IA, centraliza o login dos usuários e cria a base simples que guarda os eventos. Nenhuma reviravolta na arquitetura — apenas a disciplina de usar o que existe. 


Na terceira, você pilota com duas áreas. Escolha uma que vive no relógio (como Suporte ou Operações) e outra que mexe com receita (como Vendas). Valide os números com quem está na ponta e ajuste o catálogo de ganhos. Aqui, a conversa com o financeiro é crucial para acertar os parâmetros e ganhar o selo de credibilidade. 


Na quarta, você publica a Lâmina 1 e institui uma cadência mensal de leitura com o board. Nada de reinventar o painel todo mês; o que muda é a história: “crescemos X, caímos Y, aqui está o motivo, aqui estão as decisões”. 


Três cenas que mostram a diferença entre curiosidade e valor 


Pense em uma fábrica. O técnico vai a campo com o celular. Em vez de procurar em pasta compartilhada ou perguntar ao colega mais antigo, ele pede à IA o checklist daquela máquina e aceita a sugestão que sai em segundos. O procedimento é executado, o chamado se encerra dentro do prazo. Números frios: uma sugestão aplicada (uso real), um fechamento de ordem (resultado). Essa dupla aparece no seu gráfico como profundidade e valor. O board entende. 


Agora, atendimento ao cliente. A agente precisa responder um caso recorrente, com variações. Em vez de abrir dez abas, ela aciona a IA no próprio sistema, revisa a proposta de resposta e aplica. O SLA é cumprido. Seu painel mostra que a área não só “testou a IA”, mas entregou mais dentro do prazo, com menos retrabalho. A conversa executiva migra de “legal essa novidade” para “onde mais podemos operar assim?”. 


Por fim, Vendas. Um gerente comercial chega num fim de tarde com um pedido: precisamos de uma proposta até amanhã cedo. O representante usa a IA para gerar um rascunho com base em documentos anteriores, aplica, personaliza e envia. O tempo ganho libera espaço para ligar para o cliente, tirar dúvidas, negociar. O painel não inventa nada: exibe interações aplicadas e propostas emitidas. Em vez de deslumbramento, há gestão de pipeline


Como apresentar ao board sem cair na armadilha do “pitch de IA” 


Na reunião, não gaste voz explicando detalhes técnicos. Mostre a linha de usuários ativos semanais, a comparação entre uso e licenças por área, a profundidade média de ações aplicadas e o valor estimado do mês. Em seguida, três frases que fazem a reunião andar: 


  1. “Estamos com X pessoas usando de verdade por semana; a meta é Y; a tendência é esta.” 
  2. “Há licenças subutilizadas nestas áreas; aqui, temos gente usando no limite e pedindo reforço.” 
  3. “O impacto conservador é de R$ Z neste mês; para aumentar, proponho capacitação em A, realocar licenças de B para C e testar um caso de automação em D.” 


Se alguém pedir mais detalhe, você tem camadas de diagnóstico preparadas, com segurança, para abrir apenas o necessário. Mas não perca o fio: o painel é para decidir, não para entreter


O que deixar de fora (porque atrapalha) 


Deixe de fora a contagem de prompts por curiosidade. Eles são saudáveis, mas não definem “uso real”. Evite também um Frankenstein de métricas que misturam IA de escrita com outras categorias sem explicar o que cada uma faz. E resista ao impulso de correr atrás de toda integração. A força do seu gráfico está em poucos sinais, muito claros, com método público e conservador.

 

Para que você possa se aprofundar ainda mais, recomendamos também a leitura dos artigos abaixo: 



Conclusão 


A discussão sobre IA, em empresas de setores consolidados, precisa caber no tempo do board e na energia de uma TI enxuta. Um único gráfico — com usuários ativos na semana, profundidade de uso, licenças versus utilização, marcos de adoção e valor estimado — resolve o essencial: dá visão, cria disciplina e reduz ruído. Ele é o ponto de encontro entre tecnologia e negócio, onde cada semana você enxerga evolução, desperdício, oportunidade e risco sem se perder em acrônimos. 


Se você saiu deste texto com a sensação de que “dá para fazer”, é porque dá mesmo. Comece definindo o que é uso real na sua casa: aceitar sugestão ou concluir ação com ajuda da IA. Em seguida, junte os relatórios que já existem e registre só os eventos que importam. Pilote com duas áreas, ajuste os parâmetros com o financeiro, publique a primeira versão da lâmina e mantenha a cadência. Você não está buscando um troféu de inovação; está praticando gestão de valor num ambiente que não perdoa improviso. 


No fim do mês, quando a linha subir porque a equipe aplicou a IA em tarefas-chave, quando as barras mostrarem a realocação de licenças que cortou desperdício, quando o número em reais, mesmo conservador, der sustentação a uma decisão de expansão, você vai perceber: o assunto deixou de ser “o hype do momento” e virou rotina de gestão. É exatamente aí que a IA começa a valer a pena — não no discurso, mas no gráfico que cabe em uma lâmina, diz o que interessa e ajuda você a entregar mais com menos ruído


Esperamos que você tenha gostado do conteúdo desse post! 


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O problema é tratar esse legado como se fosse um aplicativo novo, pronto para integrações perfeitas e mudanças rápidas. Aqui, o caminho mais responsável é reduzir acoplamento. Ou seja: antes de conectar IA diretamente em sistemas críticos, você começa com etapas mais “externas” e controladas. Você melhora a entrada, a organização e a qualidade do que chega no sistema — e só depois mexe no sistema. Pense como uma reforma com a casa em pé: primeiro, você arruma o fluxo, tira o entulho, melhora o acesso, organiza ferramentas, padroniza procedimentos. Só depois você quebra a parede. Uma boa regra prática é: quanto mais crítico o sistema, mais controlada precisa ser a automação . Isso não é medo; é engenharia de confiança. Você pode acelerar o que está antes e depois do sistema sem tocar no coração do legado no primeiro movimento. ROI sem mágica: como mostrar valor Se o conteúdo que você vai produzir não ajudar o leitor a justificar investimento, ele vira inspiração bonita e morre na gaveta. O ponto não é prometer “revolução”. É mostrar como medir ganhos reais. Um modelo simples funciona bem para PMEs: Você estima o tempo que está sendo gasto em atividades repetitivas e com retrabalho. Você transforma isso em custo (tempo x custo/hora). Você soma impactos de qualidade (erros, retrabalho, atrasos) e impactos de negócio (atendimento mais lento, proposta que demora, perda de oportunidade). E então você compara isso com o custo de adoção: ferramenta, implantação, treinamento e o mínimo de governança. O segredo do ROI responsável é não esconder custo “invisível”. Porque, em ambiente crítico, o custo invisível vira o mais caro: retrabalho, incidentes, perda de confiança, ruído entre áreas, risco de vazamento, desgaste da equipe. Quando você apresenta o ROI dessa forma, a conversa sai do “vamos usar IA porque todo mundo usa” e entra no “vamos usar IA onde faz sentido e onde conseguimos controlar”. Cultura digital: o motor que mantém a IA útil depois do encanto inicial Aqui é onde muita empresa erra. Ela acredita que IA é uma mudança de ferramenta. Na prática, é uma mudança de comportamento. Sem cultura digital, acontecem dois extremos igualmente ruins. No primeiro, a empresa reage com resistência. Ninguém usa, porque “isso vai dar problema”, “isso é modinha”, “isso não é para nós”. O resultado é ficar para trás — e continuar sobrecarregado. No segundo, a empresa vira anarquia. Cada um usa do seu jeito, do seu lugar, para o seu objetivo. O resultado é o risco espalhado — e uma operação inconsistente. Cultura digital madura é equilíbrio: autonomia com responsabilidade. E isso se constrói com coisas simples: exemplos aprovados, boas práticas claras, treinamento leve e constante, e alinhamento entre áreas. Não é um grande evento. É rotina. Uma boa prática é criar um “playbook” curto de uso, com exemplos do que pode e do que não pode, e um repertório de modelos prontos para cada área. Quando você entrega o caminho, você reduz improviso. E improviso é o que mais dói em prazo curto. O que não se deve fazer Se você vai escrever um conteúdo responsável, precisa dizer com clareza onde não começar. Não comece automatizando decisões de alto impacto sem revisão humana. Não comece colocando dados sensíveis em ferramentas sem regra e sem controle. Não comece conectando automações direto em sistemas críticos sem pensar em rollback, validação e exceções. E não comece tratando a IA como fonte final de verdade. Esses “nãos” não existem para travar inovação. Eles existem para proteger a operação e permitir que a IA vire aliada, não risco. Conclusão Sim, PMEs tendem a adotar IA com velocidade. E isso pode ser uma vantagem brutal, especialmente quando o time é enxuto e a demanda só cresce. Mas em ambientes críticos, velocidade sem responsabilidade é só uma forma diferente de atraso, já que mais cedo ou mais tarde o custo aparece. O caminho mais sólido é simples de entender: começar por casos de uso seguros, estabelecer um mínimo de regras, melhorar processos e comunicação, respeitar o legado e criar cultura digital para sustentar a evolução. Isso transforma IA de “atalho” em capacidade. Esperamos que você tenha gostado do conteúdo desse post! Caso você tenha ficado com alguma dúvida, entre em contato conosco , clicando aqui! Nossos especialistas estarão à sua disposição para ajudar a sua empresa a encontrar as melhores soluções do mercado e alcançar grandes resultados ! Para saber mais sobre as soluções que a CSP Tech oferece, acesse: www.csptech.com.br .
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