Integre sistemas antigos sem criar um “monstrinho” de TI

Romildo Burguez • August 27, 2025

Se você lidera TI em uma empresa consolidada, certamente já viu essa história: um sistema conversa com outro por meio de um recurso temporário, que vira a solução oficial. Depois chegam mais pedidos, mais integrações, mais urgências. Em alguns meses, nasce uma “criatura” difícil de entender, cara de manter e que sempre escolhe os piores dias para apresentar problemas: no fechamento do mês, na virada de campanha ou no faturamento de grandes contas. A boa notícia é que dá para integrar o legado sem criar esse bicho. O caminho é simples de explicar e disciplinado de executar: escolher bem por onde começar, trocar acoplamento por mensagens de eventos, capturar mudanças sem cutucar o core, e modernizar por etapas, sem parar a operação.


Nesse post, vamos traduzir conceitos em decisões práticas, mostrar como organizar um plano de 90 dias e sugerir medidas de sucesso que falam a língua do seu negócio — visando menos incidentes, mais previsibilidade e entregas contínuas.


Continue a leitura e saiba mais!


Não dependa de soluções temporárias


Soluções paliativas e temporárias nascem de decisões legítimas, tomadas sob pressão. A urgência pede algo que funcione imediatamente. Um script noturno, um conector “temporário”, uma lógica de negócio que escapa do sistema e se esconde no enterprise service bus (ESB). Quando percebemos, a informação só anda se passar por atalhos frágeis, dependentes de pessoas específicas e horários rígidos. Trocar o pneu com o carro andando vira rotina…até que o pneu estoura.


Três sinais de alerta merecem atenção imediata:


  • Integrações ponto-a-ponto se multiplicando (cada nova conexão depende intimamente da anterior).


  • Batches noturnos que “apertam o relógio” e empurram problemas para o dia seguinte.


  • Lógica de negócio fora do lugar, escondida em plataformas de integração que viraram mini-sistemas paralelos.


Evitar “criar monstros” significa combater esses três pontos com uma abordagem que privilegia autonomia, observabilidade e mudanças pequenas. Em vez de conectar sistemas diretamente, nós publicamos fatos (eventos) sobre o que aconteceu e deixamos que os interessados assinem essas novidades. Em vez de mexer no core, capturamos as mudanças onde elas naturalmente ocorrem (no log do banco) e as transformamos em eventos. E, em vez de “big bang”, desacoplamos por fatias, substituindo aos poucos o que já existe — sem parar o que está funcionando.


Os três pilares da integração


Eventos (event streaming)

Pense em um quadro de avisos digital onde os sistemas deixam recados do tipo “Pedido 123 foi faturado” ou “Medição do cliente X foi validada”. Quem precisa dessa informação assina o recado e age. O benefício é enorme: você não precisa perguntar toda hora “e aí, já mudou?” — você fica sabendo quando muda. E, como a mensagem é pública, vários sistemas podem reagir sem criar uma teia de dependências escondidas.


CDC — captura de mudanças onde elas nascem

Em vez de programar o core para “avisar” sempre que algo mudar (o que exige riscos de alteração), o CDC lê o registro de mudanças do banco de dados e identifica o que foi inserido, alterado ou removido. É como instalar um sensor na trilha de auditoria do banco. Você não cutuca o sistema, mas sabe o que aconteceu. Isso reduz impacto nos times que sustentam o legado e acelera a entrega.


Desacoplamento incremental

Esqueça “vamos reescrever tudo”. A ideia é estrangular o acoplamento aos poucos: você escolhe um fluxo (por exemplo, “cadastro de cliente”), publica os eventos corretos, faz um consumidor novo ler esses eventos, testa, passa a usar… e repete. Cada pedaço substituído diminui o risco do restante. No final, você tem uma arquitetura mais limpa, sem nunca ter parado a operação.


Por onde começar quando o time é enxuto


Com poucos recursos, a disciplina pesa mais do que a ferramenta. O segredo é focar em três fluxos que combinam alto impacto de negócio com baixo risco técnico. Para encontrá-los:


Converse com Operações sobre os momentos críticos do mês (fechamento, faturamento, auditorias). Liste situações em que o atraso de dados vira reprocesso ou multa.


Converse com os Donos de Produto dos sistemas core (faturamento, CRM, manutenção) e peça os pontos do roadmap que vivem travando por “dependência de integração”.


Converse com Segurança/Regulatório e entenda o que é inegociável (LGPD, auditoria, segregação OT/IT quando aplicável).



Converse com DBA e dados para mapear as bases elegíveis para CDC sem dor (evitar gatilhos, preferir leitura do log do banco, respeitar janelas de manutenção).

Dessas conversas saem três candidatos. Em cada um, você define o evento principal (“medição validada”, “pedido faturado”, “ordem finalizada”), o tempo aceitável para que essa notícia circule (segundos? minutos?), quem publica e quem consome. Só então você fala de ferramenta.


O plano de 90 dias


Você não precisa de um “projeto gigante”. Precisa de um roteiro comprovável em três etapas de 30 dias.


Dias 0–30: preparar o terreno.

Você cria as bases: catálogo de eventos iniciais (nome simples, conteúdo mínimo, quem envia/recebe), um ambiente de mensagens (o “quadro de avisos”), e define como vai observar se tudo está bem (painéis que mostram latência, fila e taxa de erro). O CDC entra no piloto do primeiro fluxo. O time aprende a lidar com reprocesso (se algo falhar, como refazer sem duplicar?) e com contratos de dados (o combinado sobre o formato da mensagem).


Dias 31–60: colocar dois fluxos de pé

O primeiro fluxo entra em produção com guarda-chuva: alarme, rollback e canário (liberar para um conjunto pequeno de consumidores primeiro). O segundo começa a ser habilitado em paralelo. A essa altura, vocês já têm o básico de governança: quem “é dono” de cada evento, quem aprova mudanças no combinado, e onde ficou registrado o histórico de versões.


Dias 61–90: expandir com segurança

Agora o objetivo é repetir o padrão. O terceiro fluxo entra no ar. Os painéis ficam maduros, com metas claras (tempo médio que a mensagem demora a chegar, quantidade de erros em um período, fila máxima tolerável). A operação deixa de ser no escuro: quando algo atrasa, você vê. Quando algo falha, você sabe onde e por quê.


Ao final de 90 dias, a empresa colhe três efeitos muito visíveis:


  • Menos retrabalho, porque a informação chegou quando precisava;


  • Menos incidentes escondidos, porque o time enxerga o caminho das mensagens;


  • Mais velocidade de mudança, porque novos sistemas se plugarão aos mesmos eventos, sem pedir favores à equipe do legado.


Observabilidade: operar no claro


Integração boa não é a que nunca falha; é a que falha de forma visível, controlada e recuperável. Por isso, três perguntas precisam de respostas objetivas:


Latência: quanto tempo a notícia pode demorar? Se o faturamento precisa saber da medição “em até 2 minutos”, seu painel precisa gritar quando isso é ultrapassado.


Fluxo: quantas mensagens estão em fila agora? Isso está crescendo ou diminuindo?


Erros: quando algo não foi entregue, ele ficou guardado? Há uma área separada para o que “deu errado” e precisa ser reprocessado depois, com segurança?

Quando esses painéis existem, o time para de “adivinhar” e pode agir preventivamente. E a liderança deixa de ser surpreendida por apagões noturnos que explodem pela manhã.


Segurança e compliance desde o desenho


Privacidade e segurança não entram no final — entram no desenho do evento. Isso significa perguntar, para cada mensagem: qual é a base legal? Qual é o mínimo de dados que precisamos enviar para cumprir o objetivo? Por quanto tempo isso deve ficar disponível?


Em setores com ambientes industriais (como Energia), a atenção se redobra: sistemas de operação (OT) e de gestão (TI) precisam de fronteiras claras. É comum inserir uma zona de proteção entre eles (uma “ante-sala” de segurança) para que nada do mundo de controle seja exposto diretamente. O evento carrega informação de negócio, não comandos de operação. Assim, você compartilha o que importa, sem abrir portas indevidas.


Governança leve: quem cuida do quê


Governança não precisa ser sinônimo de comitês mensais intermináveis. Um modelo leve resolve:


Dono do evento: alguém com telefone e e-mail que responde por mudanças e qualidade daquele recado.


Combinado de dados (contrato): um documento vivo, simples, com exemplo real de mensagem, campos obrigatórios e opcionais, e um histórico de versões.


Catálogo acessível: onde as pessoas procuram e descobrem “quais recados já existem” antes de inventar um novo.


Regras de versão: se o formato muda, como não quebrar quem consome? Regra de ouro: adições são compatíveis; remoções exigem planejamento.


Esse trio — dono, combinado e catálogo — evita que a integração volte ao improviso.


Mitos e verdades que travam decisões


“Se for tempo real, vai custar uma fortuna.”

Nem tudo precisa ser no segundo. Defina o tempo necessário por fluxo. Muitos casos ganham muito com minutos — e isso é perfeitamente viável com ferramentas comuns e serviços gerenciados.


“Sem reescrever o core, não tem jeito.”

Tem, sim. Capturar mudanças onde elas já acontecem e publicar o recado certo resolve uma parte enorme do problema sem mexer no coração do sistema.


“Nosso ESB resolve tudo.”

O ESB é ótimo para orquestrar e transformar, mas ele não deve virar o guardião da lógica do negócio. Use-o como meio, não como fim.


“Precisamos padronizar tudo antes de começar.”

Padronize o mínimo viável (nomenclatura, dono, combinado) e comece por três fluxos. O resto se ajusta com aprendizado real.


“Integração boa é a que ninguém vê.”

Integração boa é a que todo mundo enxerga: quando está saudável, quando está atrasada, quando precisa ser reprocessada. Invisível é perigoso.


Um exemplo prático para o setor de Energia


Imagine o fluxo Medição → Validação → Faturamento. Hoje, talvez tudo dependa de um arquivo noturno. Se ele atrasa, o dia seguinte começa com “mutirão de planilha”.


Como ficaria com eventos e CDC?

O sistema de medição registra leituras ao longo do dia. O CDC percebe essas mudanças no banco e publica “Medição Coletada” com o essencial: unidade consumidora, período, valor e carimbo de data.


O serviço de validação assina esse recado. Quando conclui a checagem, publica “Medição Validada” — que pode incluir um status e motivos de ajuste.


O faturamento não vasculha o banco do vizinho nem espera planilhas. Ele ouve “Medição Validada” e dispara seu processo.


Os painéis mostram, em tempo quase real, quantas leituras estão no caminho, quanto tempo levam e onde pararam. Se algo travar, a mensagem problemática vai para uma “área de espera” segura e pode ser reprocessada sem duplicar faturas.


Qual é o ganho? Menos corrida contra o relógio, menos retrabalho, menos surpresas no fechamento. E, de quebra, você fica pronto para plugar análises e alertas sem pedir licença a quem cuida do core.


Para que você possa se aprofundar ainda mais, recomendamos também a leitura dos artigos abaixo:


O papel de um parceiro de tecnologia na transformação digital

Trocar ou reformar seu sistema? Saiba como tomar a melhor decisão

Do legado à nuvem: modernize os sistemas core sem parar sua operação


Conclusão


Integrar sistemas antigos não precisa virar sinônimo de remendo eterno. Dá para modernizar com calma e firmeza, colocando comunicação por eventos onde ela faz sentido, capturando mudanças sem ferir o core e trocando acoplamento por contratos simples. O resultado é um ecossistema que reage aos fatos, visível por dashboards, governado por donos claros e com menos sustos no calendário.

Se você é líder e vive o dilema de manter o core de pé enquanto entrega inovação, este é um caminho que respeita a sua realidade. Comece pequeno, escolha três fluxos, meça o que importa e repita o padrão. Em 90 dias, o monstrinho que parecia inevitável vira apenas uma história que você conta — com orgulho — de como a sua TI ficou mais leve, previsível e conectada ao que realmente move o negócio.


Esperamos que você tenha gostado do conteúdo desse post! 

Caso você tenha ficado com alguma dúvida, entre em contato conosco, clicando aqui! Nossos especialistas estarão à sua disposição para ajudar a sua empresa a encontrar as melhores soluções do mercado e alcançar grandes resultados!

 

Para saber mais sobre as soluções que a CSP Tech oferece, acesse: www.csptech.com.br.

Fale com a CSP Tech

.

Curva da Demanda por BI: da Pandemia à Maturidade dos Dados
Por Romildo Burguez 11 de dezembro de 2025
Entenda como a demanda por BI cresceu após a pandemia, quais barreiras de maturidade persistem e por que muitas empresas ainda não extraem valor real dos dados.
Por Romildo Burguez 9 de dezembro de 2025
Você provavelmente já sentiu isso na pele: a operação não espera, o cliente não perdoa, o time está enxuto, o legado “segura o negócio com fita crepe” e boa vontade, e o calendário insiste em ser mais curto do que o bom senso. No meio desse cenário, a inteligência artificial aparece como uma promessa irresistível. Ela escreve, resume, sugere, analisa, responde. Parece uma contratação em massa sem recrutamento, sem onboarding, sem férias. E é exatamente aí que mora o risco. Quando a empresa vive um ambiente crítico — seja por lidar com dados sensíveis, ter integrações frágeis, operar com sistemas antigos ou trabalhar com prazos apertados — a IA pode tanto liberar uma produtividade enorme quanto acelerar erros, vazamentos e decisões ruins com uma velocidade inédita. O problema não é a tecnologia. O problema é a forma como ela entra: como remédio rápido para dor grande, sem o mínimo de disciplina. Entretanto, é possível adotar IA com responsabilidade, mesmo com rigidez, legado e pouco tempo. Só que o caminho não começa “na ferramenta”. Começa em cultura digital, processo e um conjunto simples de regras. Você não precisa falar difícil para fazer bem feito. Precisa ser claro. Nesse post, vamos transformar o tema em algo aplicável ao seu dia a dia: onde começar, o que evitar, como medir valor e como não quebrar o que já funciona. Continue a leitura para saber mais! A pressa das PMEs faz sentido. O perigo é confundir pressa com atalho. Pequenas e médias empresas se movem por necessidade. Elas não têm cinco camadas de aprovação, nem uma fila infinita de especialistas para absorver demanda. Quando surge um gargalo — seja no atendimento, no financeiro, no comercial ou na gestão de projetos — ele aparece com força. A dor é direta. E a vontade de resolver “para ontem” é legítima. Por isso, a IA entra com facilidade. Ela parece um reforço imediato. Só que em operações sensíveis, essa entrada rápida costuma vir acompanhada de três comportamentos perigosos: O primeiro é a “adoção invisível”. Cada área começa a usar ferramentas por conta própria, sem padrão, sem alinhamento, sem proteção. Parece produtividade, mas, na prática, vira um risco espalhado. É quando a empresa acorda e percebe que informações críticas foram copiadas e coladas em lugares errados — e ninguém sabe ao certo o que foi usado, onde, por quem e para quê. O segundo é a “dependência sem critério”. Em vez de apoiar decisões, a IA começa a influenciar decisões. E como ela fala com confiança, muita gente deixa de questionar. O resultado pode ser um erro bem escrito e muito convincente, indo parar em um e-mail para cliente, numa proposta comercial, numa análise de risco ou num plano de ação. O terceiro é o “atalho que vira dívida”. A empresa economiza tempo hoje, mas cria um problema que custará caro amanhã: processos diferentes em cada área, informações desencontradas, retrabalho, perda de qualidade e uma sensação constante de que a operação ficou mais rápida… porém menos confiável. Se você atua em ambientes críticos, precisa de uma ideia simples para guiar decisões: IA não é só uma ferramenta. É uma capacidade. E capacidade precisa de método. IA operacional vs IA estratégica Aqui está a diferença que separa quem “brinca” de IA de quem realmente melhora a empresa. O uso operacional é quando a IA ajuda em tarefas soltas. Ela escreve um e-mail, organiza um texto, revisa uma mensagem, resume uma reunião, gera ideias para um post, cria um roteiro de apresentação. Isso é útil, sim — e costuma trazer ganhos rápidos. Só que é, principalmente, produtividade individual. O uso estratégico é quando a IA melhora o funcionamento da empresa. Ela reduz gargalos recorrentes, diminui retrabalho, melhora prazos, padroniza comunicação, acelera decisões com mais consistência. Isso acontece quando a IA entra conectada a processo, rotina e medida de resultado. É produtividade organizacional. A pergunta que coloca você no trilho certo é bem objetiva: “Isso vai melhorar a empresa ou só vai deixar alguém mais rápido hoje?” Se a resposta for “só hoje” , tudo bem. Mas trate como experimento controlado. Se a resposta for “vai melhorar a empresa” , então você precisa do mínimo de responsabilidade para a coisa escalar sem quebrar a confiança. Em operação crítica, “começar pequeno” não significa “começar solto” Muita gente ouve “comece pequeno” e traduz como “qualquer um começa de qualquer jeito” . Em ambientes críticos, começar pequeno precisa significar outra coisa: começar seguro , com escopo curto, impacto real e regras simples. Pense assim: você quer escolher casos de uso que tragam valor rápido, mas que não exijam mexer no coração frágil das integrações de primeira, nem colocar dados sensíveis em risco . Você quer avançar sem quebrar o que está em produção. A seguir, estão seis pontos de partida que normalmente funcionam bem nesse cenário — e que ajudam a construir confiança. 6 usos iniciais “seguros” para ambientes críticos Resumo e padronização de informações internas. Atas de reunião, planos de ação, registros de decisões, atualizações de status. Aqui a IA vira uma secretária eficiente: organiza, sintetiza e deixa mais claro o que já foi discutido. Desde que você evite conteúdo sensível e tenha revisão humana, o risco é baixo e o ganho costuma ser alto. Documentação e melhoria de procedimentos Em empresas com legado e estruturas rígidas, documentação é ouro — e quase sempre está atrasada. A IA pode ajudar a transformar rascunhos em textos mais claros, sugerir estrutura, padronizar linguagem e identificar lacunas. O segredo é simples: ela não “autoriza”; ela ajuda a escrever. Quem valida é o time. Triagem de demandas e classificação de tickets Antes de automatizar respostas, você pode automatizar organização. Classificar tipos de solicitação, identificar urgência, sugerir responsáveis, apontar provável causa. Isso reduz caos na fila e melhora tempo de resposta sem mexer diretamente em sistemas sensíveis. Base de conhecimento interna com curadoria Em operações corridas, perguntas se repetem: como liberar acesso, como abrir chamado, como registrar incidente, como seguir um procedimento. A IA pode facilitar busca e resposta usando conteúdos aprovados, desde que haja controle de acesso e curadoria. Aqui, o “seguro” não é a tecnologia — é a disciplina de manter a base confiável. Apoio ao comercial e ao atendimento com limites claros A IA pode ajudar a estruturar propostas, organizar argumentos, adaptar linguagem. Mas o limite precisa ser inegociável: não alimentar a IA com informações confidenciais ou dados de clientes sem política definida. Dá para fazer bem com modelos prontos e um padrão de conteúdo. Identificação de padrões de retrabalho e gargalos, usando dados não sensíveis Às vezes, o problema não está no “fazer”. Está no “refazer”. A IA pode ajudar a enxergar recorrências: onde mais dá erro, onde mais volta, onde mais trava. Isso orienta melhorias de processo que liberam tempo real. Veja o ponto comum entre todos esses usos: eles começam melhorando comunicação, organização e consistência — sem pedir que você reconstrua o mundo, nem jogue risco para debaixo do tapete. O mínimo de responsabilidade: governança “leve” para não virar caos Se a palavra “governança” te lembra burocracia, pense nela como um conjunto enxuto de regras para evitar problemas previsíveis. Em ambientes críticos, você não precisa de um manual de 200 páginas. Você precisa de um acordo claro e prático, que caiba em uma página e seja fácil de seguir. Esse mínimo costuma incluir quatro coisas. São elas: Classificação simples de informação O time precisa saber o que pode ser usado com IA e o que não pode. Em geral, o que envolve dados pessoais, informações contratuais, números sensíveis, credenciais, dados operacionais críticos ou qualquer conteúdo sigiloso deve ter uma regra expressa. A empresa não pode depender do “bom senso” de cada pessoa quando a pressão do prazo aperta. Controle de acesso Quem pode usar quais ferramentas? Quem pode acessar quais bases? Em muitas empresas, a IA se torna perigosa não por ser “inteligente”, mas por herdar permissões erradas. Se acesso é frouxo, a IA apenas acelera o aperto. Registro do uso em áreas sensíveis Não precisa ser um tribunal. Precisa ser rastreável. Quando algo der errado, você precisa conseguir entender o caminho: o que foi feito, por quem e com qual objetivo. Isso protege a empresa e também protege as pessoas. Revisão humana em pontos críticos Em áreas sensíveis, a IA não pode ser “quem decide”. Ela pode sugerir. Ela pode resumir. Ela pode organizar. Mas decisões que afetam cliente, segurança, risco ou compliance precisam de validação. Isso é maturidade, não desconfiança. O resultado dessa governança leve é simples: você cria segurança para a adoção crescer sem virar “terra de ninguém” — o que costuma acontecer quando a empresa tenta ser moderna… mas esquece que modernidade sem disciplina vira acidente. Legado e integrações frágeis: como evoluir sem quebrar a operação Em ambientes críticos, o legado não é um vilão. Ele é o que mantém a empresa trabalhando. O problema é tratar esse legado como se fosse um aplicativo novo, pronto para integrações perfeitas e mudanças rápidas. Aqui, o caminho mais responsável é reduzir acoplamento. Ou seja: antes de conectar IA diretamente em sistemas críticos, você começa com etapas mais “externas” e controladas. Você melhora a entrada, a organização e a qualidade do que chega no sistema — e só depois mexe no sistema. Pense como uma reforma com a casa em pé: primeiro, você arruma o fluxo, tira o entulho, melhora o acesso, organiza ferramentas, padroniza procedimentos. Só depois você quebra a parede. Uma boa regra prática é: quanto mais crítico o sistema, mais controlada precisa ser a automação . Isso não é medo; é engenharia de confiança. Você pode acelerar o que está antes e depois do sistema sem tocar no coração do legado no primeiro movimento. ROI sem mágica: como mostrar valor Se o conteúdo que você vai produzir não ajudar o leitor a justificar investimento, ele vira inspiração bonita e morre na gaveta. O ponto não é prometer “revolução”. É mostrar como medir ganhos reais. Um modelo simples funciona bem para PMEs: Você estima o tempo que está sendo gasto em atividades repetitivas e com retrabalho. Você transforma isso em custo (tempo x custo/hora). Você soma impactos de qualidade (erros, retrabalho, atrasos) e impactos de negócio (atendimento mais lento, proposta que demora, perda de oportunidade). E então você compara isso com o custo de adoção: ferramenta, implantação, treinamento e o mínimo de governança. O segredo do ROI responsável é não esconder custo “invisível”. Porque, em ambiente crítico, o custo invisível vira o mais caro: retrabalho, incidentes, perda de confiança, ruído entre áreas, risco de vazamento, desgaste da equipe. Quando você apresenta o ROI dessa forma, a conversa sai do “vamos usar IA porque todo mundo usa” e entra no “vamos usar IA onde faz sentido e onde conseguimos controlar”. Cultura digital: o motor que mantém a IA útil depois do encanto inicial Aqui é onde muita empresa erra. Ela acredita que IA é uma mudança de ferramenta. Na prática, é uma mudança de comportamento. Sem cultura digital, acontecem dois extremos igualmente ruins. No primeiro, a empresa reage com resistência. Ninguém usa, porque “isso vai dar problema”, “isso é modinha”, “isso não é para nós”. O resultado é ficar para trás — e continuar sobrecarregado. No segundo, a empresa vira anarquia. Cada um usa do seu jeito, do seu lugar, para o seu objetivo. O resultado é o risco espalhado — e uma operação inconsistente. Cultura digital madura é equilíbrio: autonomia com responsabilidade. E isso se constrói com coisas simples: exemplos aprovados, boas práticas claras, treinamento leve e constante, e alinhamento entre áreas. Não é um grande evento. É rotina. Uma boa prática é criar um “playbook” curto de uso, com exemplos do que pode e do que não pode, e um repertório de modelos prontos para cada área. Quando você entrega o caminho, você reduz improviso. E improviso é o que mais dói em prazo curto. O que não se deve fazer Se você vai escrever um conteúdo responsável, precisa dizer com clareza onde não começar. Não comece automatizando decisões de alto impacto sem revisão humana. Não comece colocando dados sensíveis em ferramentas sem regra e sem controle. Não comece conectando automações direto em sistemas críticos sem pensar em rollback, validação e exceções. E não comece tratando a IA como fonte final de verdade. Esses “nãos” não existem para travar inovação. Eles existem para proteger a operação e permitir que a IA vire aliada, não risco. Conclusão Sim, PMEs tendem a adotar IA com velocidade. E isso pode ser uma vantagem brutal, especialmente quando o time é enxuto e a demanda só cresce. Mas em ambientes críticos, velocidade sem responsabilidade é só uma forma diferente de atraso, já que mais cedo ou mais tarde o custo aparece. O caminho mais sólido é simples de entender: começar por casos de uso seguros, estabelecer um mínimo de regras, melhorar processos e comunicação, respeitar o legado e criar cultura digital para sustentar a evolução. Isso transforma IA de “atalho” em capacidade. Esperamos que você tenha gostado do conteúdo desse post! Caso você tenha ficado com alguma dúvida, entre em contato conosco , clicando aqui! Nossos especialistas estarão à sua disposição para ajudar a sua empresa a encontrar as melhores soluções do mercado e alcançar grandes resultados ! Para saber mais sobre as soluções que a CSP Tech oferece, acesse: www.csptech.com.br .
Pessoa sorridente em um escritório iluminado com luz verde, olhando para um monitor de computador.
Por Romildo Burguez 27 de novembro de 2025
Entenda como decidir entre Lakehouse, DW ou híbrido para sua empresa, equilibrando custo, disponibilidade e latência sem comprometer sistemas críticos legados.
Por Guilherme Matos 26 de novembro de 2025
Conheça os novos recursos do Atlassian Service Collections e como eles transformam o Jira Service Management para operações modernas.
Uma mulher e um homem conversam em uma mesa em um espaço moderno com iluminação azul-esverdeada.
Por Romildo Burguez 25 de novembro de 2025
Descubra os seis blocos da plataforma enxuta que padronizam processos, reduzem riscos e liberam seu time para atuar em tarefas estratégicas com eficiência.
Por Guilherme Matos 24 de novembro de 2025
Descubra como usar a API do Jira para automatizar processos, integrar sistemas e aumentar a produtividade com consultoria Jira especializada.
Homem ajustando os óculos, iluminado por dados verdes, com expressão concentrada.
Por Romildo Burguez 20 de novembro de 2025
Saiba como aplicar 5 padrões práticos para reduzir falhas em integrações críticas, encurtar tempo de recuperação e garantir continuidade nas operações de TI.
Homem de terno e óculos, segurando um tablet, olhando para telas com dados. Sala escura,
Por Romildo Burguez 18 de novembro de 2025
Adote a governança enxuta com regras simples de acesso, glossário e linhagem para aumentar a confiança nos dados sem burocracia e acelerar decisões estratégicas.
Homem de blazer verde segurando um telefone com efeitos brilhantes em um ambiente de tecnologia.
Por Romildo Burguez 13 de novembro de 2025
Descubra como usar o Guard Detect para criar alertas inteligentes, reduzir ruídos, agir rapidamente em riscos e integrar segurança ao fluxo diário da operação.